terça-feira, 12 de julho de 2011

M. Moretti, 122, Sete Praias

     SOBREVIVI. Sobrevivi a 10h sentada do lado de um velho que ronca. Sobrevivi assistindo só um filme a viagem inteira. Aliás, não só sobrevivi a 10h, mas a 23h30 com a bunda sentada na cadeira em um só dia. Ou melhor, sobrevivi aos meus seis meses sozinha na Austrália. E agora, senhoras e senhores, Marina está de volta. De volta ao país do futebol. Ao país do Toddy e do requeijão. Ao país onde os carros andam do lado direito.
     “Quando eu voltar...” foi uma das frases que eu mais falei nos últimos seis meses. E sempre parecia tão distante. Não consigo acreditar que volTEI. Não consigo acreditar que estou prestes a descer desse avião e rever as pessoas que eu mais amo no mundo. E não consigo acreditar que não estou freaking out por causa isso.
     É estranho estar de volta. Sinto como se estivesse entrando numa nuvem cinza onde tudo é complicado, onde cada decisão que eu tomo envolve milhares de fatores. Estou voltando à rede de relacionamentos onde certos comportamentos são esperados e tudo tem algum tipo de consequência. Estou voltando a minha vida, que tem todas as complicações que eu construí nos últimos 18 anos. Estou voltando a ser a Marina-filha-da-Márcia-e-do-Marcelo-irmã-do-Marcelo-amiga-da-Natalie-e-da-Stephanie-e-do-Jonatan-e-da-Gi-e-da-Nina-e-do-Dan-e-da-Bruna-e-da-Nacraudia-e-da-Thata-e-da-Bih-e-da-Natalê-e-do-Dennis-e-da-Má-Scocca-e-da-Glaucia-e-da-Ana-Bueno-prima-da-Camila-e-do-Alexandre-e-do-André-e-do-Bruno-e-do-César-neta-da-Maria-Eugênia-ex-aluna-do-Santa-Maria-que-fazia-teatro-no-Macunaíma-com-a-Ana-Claudia-e-mora-no-meio-do-nada, no lugar de ser só a Marina. A Marina que pode fazer o que ela realmente QUER porque ninguém espera nada dela.
     Mas ao mesmo tempo, estou com aquela sensação de quando a gente volta de uma viagem com amigos (tipo acampamento ou Porto), a sensação de “Tá, foi tudo muito legal. Mas agora eu quero a minha cama e a comida da minha mãe”. A sensação de conforto, de estar voltando para o lugar onde você fica mais à vontade e segura no mundo, onde as pessoas com quem você convive te amam, se importam com você e te dão carinho. Onde você tem a quem recorrer.
     E é nessas pessoas que eu amo e que me amam que eu vim pensando quando estava se aproximando a chegada em São Paulo: penso nelas se arrumando e saindo de casa, contando os segundos para me ver saindo do portão de desembarque. E, por mais serena que eu esteja agora, eu tenho CERTEZA que vou chorar ao vê-las porque vou lembrar o quão maravilhosa é a minha vida ao lado delas.
     Beijos de uma menina que vai sentir falta de escrever aqui
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PS: Tá. Agora deu frio na barriga e meu coração começou a bater incrivelmente rápido de repente.

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