segunda-feira, 4 de julho de 2011

P. Sherman, 0307, Wallaby Way

     Acordei às 3h30 para ir andar de balão. Me arrumei, tomei café da manhã e fui pra frente do hotel esperar o ônibus da empresa, que estava vindo me buscar. Conversei com umas pessoas que AINDA estavam acordadas e estavam me perguntando porque eu JÁ estava acordada e, quando o ônibus chegou, eu entrei e qual não foi minha surpresa quando o motorista/organizador me vira com seus olhos puxados e fala “du iu go barunin tudei?” Eis que eu viro para trás e TODAS AS PESSOAS SENTADAS NO ÔNIBUS SÃO ASIÁTICAS. NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOO!!!!
     Olhando a chuva pela janela, eu me arrependi profundamente de ter colocado chinelo. Eu NUNCA uso chinelo. Por que cargas d'água eu resolvi colocar hoje? Agora meus pés estavam congelando e eu estava trancada num ônibus com esse povo irritante que fala um dialeto alternativo que eles chamam de inglês, tira foto de absolutamente TUDO (e olha que sou EU que estou falando isso), tem altura máxima de 1m e ou não ri de nada ou ri de tudo com uma risadinha fina e irritante deixando os olhos dele menores do que já são. ISSO TUDO ÀS 4H DA MANHÃ! POR QUE TÃO CEDO, MEU DEUS? POR QUÊ?
Respirei fundo e repeti para mim mesma “Não julgue, Marina, não julgue as pessoas pela aparência. Ou o formato do olho.” Imaginei a Camila (Moretti) na minha situação e tive certeza do que ela faria: ela riria. No lugar de ficar irritada com a pateticidade dessas pessoas, ela riria delas. Mas não maldosamente. Riria delas com elas. Ofereceria para tirar foto delas pulando e ainda falaria “1, 2, 3 e já”. Seja um pouco mais Camila, Marina. Ria da vida.
     Anyway, paramos num lugar para pegar outros passageiros – que não eram asiáticos! UHU! - e fomos para o lugar onde estavam os balões. Quando chegamos, ainda estava escuro e eles estavam enchendo os balões. Foi muito legal vê-los enchendo, o cara ficava acendendo o fogo e o balão ia enchendo... enchendo... Já estava um pouco mais claro quando a gente entrou no balão, que CARA, era enorme! A cesta era para 20 pessoas e a lona tinha 36m de altura!
     Se o dia não estivesse nublado, a gente teria visto o nascer do sol, mas não foi o caso. O vôo durou meia hora e foi bem legal :) Não fiquei com nem um pouco de medo, nem quando tinha uma chama de 2,5m em cima da minha cabeça, nem quando o piloto falou “Eu não tenho controle da direção pra onde o balão vai. Ele vai de acordo com o vento. Tudo que eu posso fazer é controlar a altura.” A gente sobrevoou plantações de... coisas e florestas com cangurus/wallabies saltitando *__* E uma japonesa/coreana/chinesa doida começou a falar comigo em japonês/coreano/chinês! Eu fiquei tipo OOII??? Fiquei tão chocada que nem consegui responder nada. EU TENHO CARA DE ASIÁTICA? POR QUE VOCÊ TÁ FALANDO COMIGO NESSA LÍNGUA??!! A parte mais RADICAL (Nescau, o cereal radical!) foi a aterrissagem. O balão foi se aproximando no chão... se aproximando do chão... deu umas quicadas e parou. Aí ficou cambaleando de um lado pro outro e eles pediram pras pessoas começarem a sair. Logo depois que eu saí, eles resolveram fazer diferente e deitaram a cesta no chão! Muito mais legaaal! PO, POR QUE EU TINHA QUE SAIR ANTES? ¬¬
     Depois de todos ajudarmos a dobrar e guardar o balão, o ônibus foi para uma cidadezinha ali do lado onde tinha um mini-museu com umas coisas antigas (UM MUSEU COM COISAS ANTIGAS? AH VÁ!) e voltou para Cairns. Cheguei aqui às 9h30, sem planos para o dia. Achei que esse negócio fosse durar o dia inteiro! Mas foi tão rápido... AGORA ME DIZ: POR QUE TÃO CEDO???!!
     Anyway, tomei café da manhã de novo e fui dormir. Acordei às 12h30, almocei, dei uma arrumada nas minhas coisas que estavam uma zona, me olhei no espelho e percebi que estou GORDA e que preciso cortar o cabelo e fazer a sobrancelha e peguei o BUS TO TOOOOWN para ir na praia artificial (aquela piscina pública que eu falei). Como estava nublado e a água estava fria, eu acabei ficando só ali em volta, deitada na grama. Vi um monte de gente comendo sorvete e acabei caindo na tentação. Pensei “Estou gorda e não quero gastar dinheiro” e contra-argumentei: “Se você já está gorda, não é esse sorvete que vai fazer diferença. Você não vai emagrecer em uma semana e chegar no Brasil em forma. Desencana e aproveita sua Aussie. Além disso, o sorvete do Mc é só AU$0,50” Fez-se o estrago. Comprei uma casquinha e sentei na grama do lado da piscina. Não levei livro, nem iPod, nem celular... portanto, eu não tinha absolutamente NADA para fazer. Foi tão bom... Acho que dominei a arte de fazer nada. É uma delícia ficar deitada na grama sem pensar que eu devia estar estudando ou fazendo as coisas que estão na minha LISTA DE COISAS PARA FAZER sobre a minha escrivaninha ou que tenho que ir trabalhar em sei lá quanto tempo... Ficar sem fazer nada até cansar de não fazer nada e andar para o ponto onde o ônibus do hotel vai te buscar. O ônibus não apareceu e eu resolvi andar até o hotel. TUDO É TÃO SIMPLES QUANDO SE TEM UM MAPA!
     Cheguei aqui sã e salva em 15 minutos. Ainda eram 17h15 e eu não tinha mais nada para fazer. Fui para o quarto e fiquei jogando paciência no computador. (Me sinto muito loser toda vez que jogo paciência, não sei porquê). Minhas roomates escocesas se arrumaram para sair e chamaram dois meninos aqui para o quarto para “fazer um esquenta” (churras, breja, curtir, véi). Eu estava deitada na minha cama lendo Eat Pray Love e é difícil descrever o que aconteceu. Não sei se eles me ignoraram ou eu ignorei eles. O fato é que eles não me dirigiram a palavra e agiram como se eu não estivesse aqui. Eu, por sua vez, não consegui pensar em nada que valesse a pena falar e não fiquei à vontade para me meter na conversa deles. E é mais ou menos isso que está acontecendo todos os dias aqui em Cairns. A moça da agência de viagens falou que tinha AAALTAAAS FEEESTAAAS em Cairns e que eu ia me divertir pra caramba e que o meu backpackers é um dos mais badalados. Realmente, tem mó galera no bar lá embaixo e eu vi uma plaquinha na recepção de PRÊMIO DE MELHOR ATMOSFERA. Mas não sou descolada o suficiente pra ir lá sozinha tipo OI GENTE!
     No lugar disso, eu fiquei no quarto jogando paciência, lendo Eat Pray Love e uma lista que o Danilo me mandou há milênios de 786 JEITOS DE IRRITAR AS PESSOAS e revendo as fotos desde o começo da viagem... ai ai, vou sentir falta desse lugar, viu? Não quero nem pensar em como vai ser me despedir do Opera House.
     Beijos de uma menina com a impressão de que ultimamente os posts estão grandes demais
     T

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