sexta-feira, 1 de julho de 2011

P. Sherman, 2906, Wallaby Way

    Acordei às 5h15 de novo, feliz por não ter nenhum rato na cara, tomei café da manhã e entrei no ônibus para os canions. Como não podia faltar, para poder chamar essa viagem de aventura, o pneu furou. Todo mundo desceu e ficamos quase 1h parados na estrada para trocar. Eu não tenho conhecimento nem habilidade para ajudar, mas fiquei junto e segurei os parafusos.
     Back to the road, chegamos nos canions e, com toda certeza, foi o lugar que eu mais gostei de visitar aqui. Mais bonito que o Kata Tjuta, mais bonito que o Uluru... E eu vi uma das coisas mais sensacionais que eu já vi aqui na Austrália: um coala que cabia na palma da minha mão. Ele estava agarrado num galho de árvore e mal parecia um coala porque estava muito doente e o pelo dele estava seco e duro. A guia falou que se a gente pegasse ele na mão, ele provavelmente quebraria. Mas que isso é normal aqui, só o fato de ele estar vivo é uma vitória.
     Anyway, continuamos andando e tirando fotos – desisti do diário, mas não das fotos. Gosto demais delas para isso. Mas vou tomar cuidado para não olhar os lugares só por trás da lente – e ficando com vontade de fazer xixi porque a guia manda a gente beber água toda hora para não desidratar e a caminhada tinha 3h30 sem nenhum banheiro no caminho. Mesmo estando diante de precipícios de centenas de metros de altura, sobre pedras de areia cujas margens podiam espatifar a qualquer momento, eu não fiquei com medo porque obedeci a ordem FIQUE SEMPRE A 2 METROS DA BEIRADA da guia, diferente das asiáticas retardadas que ficaram tirando fotinho sentadas/deitadas na borda das pedras.
     Depois dos Canions, nós pegamos o ônibus de volta para Alice Springs. Paramos algumas vezes para ir no banheiro, almoçar, resistir ao milkshake delicioso, caro e engordante e quebrar os óculos escuros. Uma das francesas, cujo pai é português, colocou o iPod dela com músicas brasileiras para tocar e nós viemos ouvindo Ivete Sangalo metade do caminho :D Na outra metade, eu e as escocesas ficamos cantando as músicas do Rei Leão, que vieram na nossa cabeça do nada – acredito que tenha a ver com o céu laranjaamareloverdeazul de fim de tarde que estava totalmente Ciclo Sem Fim.
     À essa altura do dia, eu estava com aquela sensação de quando você volta de uma viagem superlegal, mas está mó cansada e tem aquela sensação de "Hum... agora estou voltando pro conforto gostoso de casa". Mas no meu caso, casa = Toddy's Backpackers. Chegando lá, liguei para a minha mãe para dizer que tinha sobrevivido e estava de volta à civilização – se é que dá pra chamar Alice Springs de civilização – onde tinha sinal de celular. Pus todas as minhas roupas na máquina de lavar e depois na máquina de sacar e isso me custou OITO DÓLARES. Depois, fui para o restaurantezinho do hotel, onde todos do tour se encontraram para jantar juntos. Comi macarrão à bolonhesa, mas não estava tão bom. Bom, estava tão ruim quanto um macarrão à bolonhesa pode ser, né? Mas por AU$5,00 eu estou feliz.
     Saindo de lá, fomos todos para um bar na cidade. Foi engraçado fingir que sabíamos dançar shuffle e brincar de passar embaixo da muleta da Fiona, mas fiquei desconfortável quando todo mundo estava bêbado e solto e com regata, falando para eu tirar o casaco e o cachecol sendo que eu estava morrendo de frio. “If you dance, you'll get warm! Come on, you don't look like a brazilian!” Me senti de volta à sexta série, sob pressão da sociedade. A diferença é que agora, eu fico com o casaco.
     Quando o bar fechou, as pessoas queria ir para outro, mas eu vi a oportunidade perfeita para fugir para o meu lar doce lar – bom, pelo menos por essa noite. Cá estou dentro de um saco de dormir, na cama de cima de um beliche, num quarto com mais três meninas cujos nomes eu nem lembro porque mal conversamos antes de eu sair para jantar, pronta para entrar no maravilhoso mundo dos sonhos. Ah, e acabei de perceber que a sola do meu all star está descolando. É, não é lá o calcado mais apropriado para 3h30 de caminhada né?
     Beijos de uma menina que devia ter trazido o tênis de amortecedor para a viagem.
     O

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