terça-feira, 12 de julho de 2011

M. Moretti, 122, Sete Praias

     SOBREVIVI. Sobrevivi a 10h sentada do lado de um velho que ronca. Sobrevivi assistindo só um filme a viagem inteira. Aliás, não só sobrevivi a 10h, mas a 23h30 com a bunda sentada na cadeira em um só dia. Ou melhor, sobrevivi aos meus seis meses sozinha na Austrália. E agora, senhoras e senhores, Marina está de volta. De volta ao país do futebol. Ao país do Toddy e do requeijão. Ao país onde os carros andam do lado direito.
     “Quando eu voltar...” foi uma das frases que eu mais falei nos últimos seis meses. E sempre parecia tão distante. Não consigo acreditar que volTEI. Não consigo acreditar que estou prestes a descer desse avião e rever as pessoas que eu mais amo no mundo. E não consigo acreditar que não estou freaking out por causa isso.
     É estranho estar de volta. Sinto como se estivesse entrando numa nuvem cinza onde tudo é complicado, onde cada decisão que eu tomo envolve milhares de fatores. Estou voltando à rede de relacionamentos onde certos comportamentos são esperados e tudo tem algum tipo de consequência. Estou voltando a minha vida, que tem todas as complicações que eu construí nos últimos 18 anos. Estou voltando a ser a Marina-filha-da-Márcia-e-do-Marcelo-irmã-do-Marcelo-amiga-da-Natalie-e-da-Stephanie-e-do-Jonatan-e-da-Gi-e-da-Nina-e-do-Dan-e-da-Bruna-e-da-Nacraudia-e-da-Thata-e-da-Bih-e-da-Natalê-e-do-Dennis-e-da-Má-Scocca-e-da-Glaucia-e-da-Ana-Bueno-prima-da-Camila-e-do-Alexandre-e-do-André-e-do-Bruno-e-do-César-neta-da-Maria-Eugênia-ex-aluna-do-Santa-Maria-que-fazia-teatro-no-Macunaíma-com-a-Ana-Claudia-e-mora-no-meio-do-nada, no lugar de ser só a Marina. A Marina que pode fazer o que ela realmente QUER porque ninguém espera nada dela.
     Mas ao mesmo tempo, estou com aquela sensação de quando a gente volta de uma viagem com amigos (tipo acampamento ou Porto), a sensação de “Tá, foi tudo muito legal. Mas agora eu quero a minha cama e a comida da minha mãe”. A sensação de conforto, de estar voltando para o lugar onde você fica mais à vontade e segura no mundo, onde as pessoas com quem você convive te amam, se importam com você e te dão carinho. Onde você tem a quem recorrer.
     E é nessas pessoas que eu amo e que me amam que eu vim pensando quando estava se aproximando a chegada em São Paulo: penso nelas se arrumando e saindo de casa, contando os segundos para me ver saindo do portão de desembarque. E, por mais serena que eu esteja agora, eu tenho CERTEZA que vou chorar ao vê-las porque vou lembrar o quão maravilhosa é a minha vida ao lado delas.
     Beijos de uma menina que vai sentir falta de escrever aqui
     .

PS: Tá. Agora deu frio na barriga e meu coração começou a bater incrivelmente rápido de repente.

P. Sherman, fenda espaço-temporal, Wallaby Way

     Tsamina mina e e! Waka waka e e! Tsamina mina sangaleua! It's time for Africa! Cá estou, meus caros, dentro do avião em Joanesburgo. Meu primeiro vôo foi bom. Durou 13h30. Dormi umas 3h e me mantive entretida nas outras 10h :) Sentei na janela, o que é muito mais legal para ver a vista (ver a vista, subir pra baixo e descer pra cima) e é bem melhor para dormir porque tem a parede para apoiar o travesseiro, né?
     Fiquei menos de duas horas no aeroporto da África do Sul, só deu tempo de olhar o freeshop por cima e ligar para os meus pais. Meu relógio biológico está uma zona! Pra mim são 2h da manhã, mas aqui são 18h! Nesse vôo também peguei janela, mas diferente do outro em que eu estava sentada do lado de um africano super bonzinho, eu estou do lado de um brasileiro velho e emburrado ¬¬ Quero só ver quando eu quiser ir no banheiro.
     Anyway, espero conseguir dormir porque já deu pra ver que o entretenimento de bordo desse avião é um lixo. Não tem nem televisões individuais. Só uma pequenininha lá na frente, que eu nem consigo enxergar por causa do cara que está sentado na minha frente.
Continuo incrivelmente serena, mas agora sorrio involuntariamente quando penso em quens estou prestes a rever.
     Beijos de uma menina quem tem mais 10h de vôo pela frente
     L

P. Sherman, 1107, Wallaby Way

     Acordei às 4h50, guardei o pijama na mala, tomei café da manhã e levei as malas lá pra baixo. SOZINHA, DESCENDO TRÊS LANCES DE ESCADA COM MALAS DE MAIS DE 25KG. Tudo para a construção do caráter. Quando faltavam 5 minutos para o taxi chegar, fui no quarto deles porque eles pediram para eu acordá-los para dar tchau. Eles me desejaram boa viagem e tudo mais e nós tiramos uma foto tosca de OI ACABEI DE ACORDAR porque percebemos que não tínhamos nenhuma foto juntos. Mas, eles pediram para eu não por no facebook – o que é totalmente compreensível.
     Peguei o taxi e vim para o aeroporto. Cheguei aqui às 5h50, sendo que meu vôo era só às 10h, porque minha mãe ficou me apavorando com as histórias de overbooking (quando a companhia vende mais acentos do que tem disponíveis e as pessoas que chegam por último ficam para fora). Tentei fazer check-in, mas a moça falou que só começava três horas antes do vôo. Fiquei fazendo hora até às 7h, tentando usar a internet - sem muito sucesso porque o wi-fi estava mó ruim.
     Quando finalmente fui fazer o check-in, pesei minhas malas e a mulher (que tinha uma voz terrível super fina e a língua presa) me virou e falou “You can only have 20kg in each bag. The 32kg policy is no longer in currency” HÁ. HÁ. HÁ. ZOOU NÉ? Fiquei com cara de “Como assim, moça? Que que eu faço agora?” e acho que ela ficou com dó de mim. Foi falar com alguém lá dentro do escritório e voltou falando “Ok, I'll let you have 32kg” FO-FA.
     Mas é claro que o problema ainda não podia estar resolvido. Pesei a minha mala de mão, que só podia ter 7kg, e tinha CATORZE (eu não tinha pesado a mala de mão em casa. ESTÚPIDA). Sendo assim, eu fui ali para o canto, abri as malas e comecei a passar as coisas de uma pra outro que nem uma louca, sentando e pisando na mala no meio do aeroporto pra tentar fazer ela fechar. Consegui reduzir a 9.4kg e uma bolsa (mulheres têm direito a uma bolsa e eles não pesam) lotada até o talo de bugiganga. FOFA, novamente, ela falou “Ok, 9.4kg is allright. Pretend I didn't see it.”
     Uma vez checkada, eu fui para o observation deck e fiquei um tempo lá olhando os aviões decolarem com a silhueta dos prédios da city e da Sydney Tower no fundo. Saindo de lá, fui para o portão de embarque. Passei pela polícia federal, pelo raio-x (nada foi confiscado dessa vez), pelo free shop e agora estou aqui no portão de embarque dando notícias pelo facebook pelo meu celular, enquanto espero o embarque começar. Estou incrivelmente serena. Não estou freaking out porque estou indo embora, nem super empolgada porque vou rever todo mundo. COMEÇOU O EMBARQUE! TENHO QUE IR! É, minha gente, agora não tem mais volta... Aliás, eu ainda posso dar um rolê pela África do Sul!
     Acabei de ler o carimbo DEPARTED AUSTRALIA JULY 11 (ao lado do ARRIVED AUSTRALIA JANUARY 14) no meu passaporte. Meus olhos se encheram de lágrima e eu fiquei com um nó na garganta quando a mulher escaneou meu cartão de embarque.
     Beijos de uma menina que vai ter um dia de 36 horas
     A

P. Sherman, 1007, Wallaby Way

     Meu último dia em Sydney foi bem menos dramático do que eu imaginei que seria. Acordei e fiquei um tempo enrolando no sofá, terminei de assistir o filme de ontem, agendei o taxi para amanhã de manhã e depois levantei para comer. A Bruma saiu pra trabalhar e eu fiz café da manhã para mim e para o Paulão – que estava na cama com o pé pra cima sem poder andar. Comi torradas com geleia e recebi uma mensagem da Natalie falando que estava comprando os ingressos para a estreia do Harry Potter. Entrei no msn para resolver tudo com ela e fiquei reorganizando minhas malas – que eu tinha deixado na casa do Paulão quando fui viajar, lembra? - enquanto discutíamos a sessão, o shopping, os jeitos de pagar meia agora que eu não tenho mais carteirinha e tudo mais.
     Consegui, milagrosamente, enfiar tudo nas malas e deixá-las com menos de 32kg. Aliás, quando fui pesá-las, me pesei também e MEU. DEUS. O estrago foi muito maior do que eu imaginava. Eu engordei MUITO. E juro que não é exagero de menina. Preparem-se para me ver rolando. Assim que eu chegar, vou tomar SÉRIAS PROVIDÊNCIAS A RESPEITO. Só não começo hoje porque tenho um jantar marcado numa churrascaria rodízio.
     Terminado o empacotamento, eu me dirigi ao meu amado e idolatrado Opera House para passar minhas últimas horas ociosas diante dele. Li todas as frases a respeito dele, que estão numa parede de exposição ali na frente (e descobri que não sou a única obcecada pelo lugar), conversei com um israelense super simpático, contei que era meu último dia em Sydney, ele ficou de coração partido e fez questão de tirar minha última foto com o OH e foi embora dizendo “It was an honour to be one of the last people you met in Sydney”. Fui até o Botanic Garden tirar foto do Opera House com a ponte atrás, sentei nas pedras que tem na frente, andei ao redor dele todo, passando a mão nos azulejos (e beijei um deles, depois de sussurar “Bye, thanks for everything”) e fiquei sentada na frente do Opera Bar adimirando o Opera House, quando já estava escuro e as luzes estavam acesas. Para a minha surpresa, eu não chorei. Fiquei emocionada enquanto estava lendo as frases, porque algumas delas definiam muito bem o que eu sinto, mas foi só.
     Quando deu umas 18h, a Bruma me ligou e a gente foi se encontrar no Hyde Park para o meu “jantar de despedida” - que, na verdade, virou só um jantar entre amigas porque todo mundo miou – no Churrasco. Foi bem gostoso. Comi bem, mas não porcamente a ponto de querer vomitar que nem da outra vez. Eu e a Bruma ficamos conversando sobre o casamento dela, os possíveis filhos e ela me mostrou as fotos do vestido... Que linda! E foi legal rever todo mundo, dar tchau pro pessoal. São todos muito queridos! A Luana, que linda, cobrou preço de funcionário de mim e deixou a gente levar uma marmitinha pro Paulão! A Paty ficou me fazendo mil perguntas sobre a viagem. Todo mundo me desejou bom retorno... Muito gracinhas! Ai, ai... vou sentir falta desse pessoal, viu?
     Eu e a Bruma viemos para casa, eu tomei banho, fiquei no pc um pouco e agora... Agora vou dormir. É, minha gente. Acabou. Amanhã é acordar e ir para o aeroporto.
     Beijos de uma menina que passOU seis meses na Austrália
     N

P. Sherman, 0907, Wallaby Way

     Acordei com uma mensagem do Paulão dizendo que tinha passado a noite toda no hospital porque torceu o pé e não ia poder mais me buscar no aeroporto. GREAT (Y). Não fiquei nem um pouco brava com ele, ÓBVIO. Mas foi tipo PORRA, MAIS UMA DESPESA COM TRANSPORTE. Desci para tomar café da manhã, fechei minhas malas e fui com as canadenses para uma feirinha que tinha perto do hotel. Nada demais, cheia de coisas de feirinha. O mais legal que eu vi foram umas máscaras de teatro coloridas que eram muito bonitas! Total Romeu e Julieta! Fiquei brigando comigo mesma para não comprar nenhuma porque a mais barata custava AU$35,00.
Eu: SÓ O ESSENCIAL, MARINA. SÓ O ESSENCIAL.
Mente: Mas como você tem a pachorra de dizer que uma máscara de Romeu e Julieta não é essencial?
Eu: Você ia fazer o que com ela? Pendurar na parede do seu quarto de enfeite?
Mente: Não, eu ia usar!
Eu: EM QUAL situação?? Pra ir pro cursinho??
Mente: Não, ia usar num... baile de máscaras!
Eu: Olha, se fosse mais barata e você não fosse gastar AU$50,00 para ir pro aeroporto que até deixava você comprar. Mas hoje não vai dar.
(Qualquer semelhança do trecho acima com o capítulo 42 de Eat Pray Love é pura coincidência)
     Essa conversa interna me faz lembrar da decoração do meu quarto e... MANO, eu tenho um pôster do Zac Efron na parede! Ainda acho ele lindo, mas náá. O quarto não tem mais minha cara. Minha cara mudou. Mudanças serão necessárias.
     Me despedi das canadenses e fui para o hotel dar checkout e pegar minha malas. Andei até o ponto e peguei o ônibus – cujo motorista usava um boné do Bob Esponja, gostaria de constatar - para o porto. De lá, peguei uma ferry para a ilha onde ficava o aeroporto. ALGUÉM ME DIZ POR QUE O AEROPORTO FICA NUMA ILHA?? Chegando lá, fui fazer check-in e a mulher me vira e pede para PESAR MINHA MALA. 10,4kg. O máximo para mala de mão é 7kg. “You'll have to check it in. And this will cost you AU$40,00” PUTA. MERDA. Que raiva! Mó frescura dessa mulher! Nenhuma outra companhia pesou! Estava pesada, mas cabia tranquilamente no compartimento. MALDITA ¬¬ Pelo menos ela não pesou a outra, me deixando levar como mala de mão mesmo tendo certeza que tinha mais de 7kg também.
     Anyway, BACK TO SYDNEY! Home sweet home... Tecnicamente, eu nem tenho mais casa aqui. Mas me senti muito confortável de estar de volta à cidade do Opera House, na qual eu sei onde ficam as coisas, pela qual eu sei andar, a cidade eu mais amo no mundo (Perdeu, Paris).
     Anyway, descobri qual ônibus tinha que pegar (amo o fato de agora ser capaz de simplesmente “descobrir quando chegar lá”, sem ficar neurótica e desesperada achando que vou dormir na rua) e fui para casa do Paulão. Ele e a Bruma foram super fofos e atenciosos comigo! Mostrei as fotos da viagem pra eles e depois fui com a Bru no supermercado (onde comprei TimTam, Boost e vegemite para levar pro Brasil pros meus pais e o Marcelo fazerem uma degustação das especialidades australianas :D) e a gente fez strogonoff pro jantar.
     Depois de ajudar o Paulão a ir pro quarto pulando num pé só tadinho, a Bruma pegou edredons e travesseiros pra mim e eu estou aqui no sofá da sala – que é uma delícia – quentinha e pronta para dormir. Fiquei um tempo no computador e estava assistindo um filme (comédia romântica bobinha) até agora, mas como não estava tão interessante e eu estou com sono, vou dormir.
     Beijos de uma menina que só tem mais um dia em Sydney D:
     I

P. Sherman, 0807, Wallaby Way

     Acordei, me arrumei e fomos todos para o café da manhã. O sombra sentou do meu lado, terminou de comer antes de mim e ficou me esperando terminar para ir pro quarto. POR QUÊÊÊ, MENINOOOO???!!! Respirei fundo e, inspirada pela passagem de um livro que eu folheei na livraria outro dia dizendo “Be nice to boys. A little bit of attention can content stalkers”, resolvi ser legal com o coitado. Conversei com ele normalmente – tão normal quanto uma conversa com ele pode ser – no caminho para o quarto, onde pegamos nossas malas, para darmos checkout no hotel e irmos para o barco.
     Finalmente o garoto desgrudou e eu consegui conversar com um italiano e uma sueca legais :) Adoro conhecer gente do mundo todo, mas confesso que estou meio cansada de fazer social. De vez em quando eu penso “Ahh chega de conhecer pessoas novas e ter que ser legal! Cadê as pessoas que me conhecem?”
     A última parada do tour – e única parada de hoje – foi numa barreira de corais onde a gente fez um pouco mais de snorkel. A água estava ESTALANDO DE GELADA, mas pelo menos tinha peixes dessa vez e eles nadaram bem pertinho de mim :) Eu quase MUITO QUASE não fui. Estava pensando “Já fiz snorkel 3 vezes na última semana, precisa de mais?” mas aí pensei “Aproveite. Tudo. Essa é sua última semana na Austrália. Se você não fizer isso vai se arrepender profundamente. Além disso, essa pode ser a última vez que você vai mergulhar no Oceano Pacífico.” Fiz bem.
     Chegamos na Marina, onde o guia bonitão chamou todo mundo para ir no bar do meu hotel hoje às 19h e depois cada um foi pro seu canto e mal se despediu. Antes de ir para o hotel, eu fui para a lagoon e lá fiquei torrando no sol e lendo Eat Pray Love até cansar. Depois, fui para o backpackers e qual não foi minha surpresa quando eu olhei pela janela do quarto onde a alemã-de-dois-piercings estava com as minhas malas e ELA NÃO ESTAVA LÁ. Fucking fuck! Tá vendo, Marina! Quem mandou confiar em estranhos?! Agora a menina roubou suas coisas! Seu netbook está lá dentroooo!! E o vestido verde! E a sapatilha preta! E a blusa roxa! “Hi, receptionist, do you know if this german girl Erika changed rooms in the past three days?” “Yes, she's in room 31” Fui no room 31 e não tinha ninguém. AAAIII MEU JESUS CRISTOOO. Mandei uma mensagem pra ela e fiquei esperando pra ver se ela ia responder ou ia simplesmente afanar minhas malas.
     Fui passear um pouco pela cidade, comprei cartões postais, comi sorvete do McDonalds, fui numa lanhouse onde conversei com o Jonatan e sofri uma overdose de sentimentos que quase explodiu minha cabeça num conflito interno de EBAAA ESTOU VOLTANDO x NÃO QUERO VOTLAAAR!! e recebi uma mensagem da Erika toda fofa falando “Hi, sweetie. I'm back from work. You can come pick up your bags. I'm in room 31” Fui pro room 31 e lá estava ela toda fofa me esperando com as malas. Eu sorri e agradeci como se nunca tivesse desconfiado da honestidade dela.
     Sem conseguir pregar a bunda em lugar nenhum, numa ansiedade enorme porque O TEMPO ESTÁ ACABANDO TENHO QUE APROVEITAR TENHO QUE APROVEITAR TENHO QUE APROVEITAR, eu fui para a lagoon de novo, ficar olhando para coisas bonitas e tentando absorver a belexa delas. Até que deu frio e eu voltei para o hotel, onde encontrei minhas novas roomates legais: Sophie (inglesa), Stef e Kate (canadeses). Ficamos um tempo conversando e elas me contaram que viram tartarugas e baleias no tour delas. Não vou nem me dar ao trabalho de apertar o caps lock e começar a xingar minha falta de sorte.
     Quando deu umas 19h, as três desceram para o bar, onde elas iam se encontrar com o pessoal do tour delas – e, casualmente, o pessoal do meu tour – para “have a drink”. Não estava nem um pouco de ir “have a drink” com semi-conhecidos, mas também não queria ficar em casa. Não tem uma opção diferente tipo ficar sentada na praia conversando com a Bruna e a Natalie?
     A fome bateu e eu desci pra comer. Comi o resto do meu macarrão sem molho com o feijão que eu comprei hoje a tarde. É. MACARRÃO COM FEIJÃO. Eu sei. Mas, em minha defesa, o feijão daqui é diferente! Não tem gosto de feijão e vem com molho de presunto. Juro que ficou bom!
     Voltei para o quarto para ficar lá fazendo nada e, quando entraram no quarto dois novos roomates totalmente bêbados (que happened to be a guia do tour e o barman da ilha) falando que iam descer para a balada, eu agradeci imensamente por não estar lá embaixo e lembrei mais uma vez do livro que eu folheei na livraria, que dizia Never be the Drunk Chick. Essa menina devia ter lido esse livro porque a cena foi deplorável. Quando eles foram embora, minha barriga doeu e eu fui no banheiro umas três vezes em uma hora, eu agradeci abissalmente por não estar lá embaixo.
     Fiquei aqui na minha lendo até dar sono e eu conseguir adormecer apesar da barulheira lá debaixo. Umas duas horas depois, eu acordei ao som de Panamericano e me senti quase culpada por não estar dançando. Comecei a me mexer na cama, até que decidi ficar de pé e fiquei lá dançando sozinha no meio do quarto. Depois dessa, vieram todas as músicas-de-Austrália e eu quis muito que a Lê estivesse lá para dançar comigo (Tocaram todas, Lêêê!! Hello, Uuuu, Shuffle, Dynamite!!!).
     Quando voltei para a cama e estava quase caindo no sono de novo, o barman chegou no quarto muito mais bêbado do que antes e logo atrás dele, veio um segurança dizendo que ele tinha que sair porque esse era um “Girls Only Dorm”. Bebadamente, ele repetiu umas 8591347 vezes “But they gave me the key to this room when I checked in” até que desistiu e foi para o outro quarto.
     Se tudo der certo, eu vou dormir agora.
     Beijos de uma menina que vai voltar pra sua amada Sydney amanhã
     F

P. Sherman, 0707, Wallaby Way

     Acordei com o despertador do sueco, que tocou antes do meu, me arrumei e nós (os 5 do meu quarto) fomos para o café da manhã. Comemos e fomos pro barco para velejar pelas ilhas de Whitsundays *__* E NÃO É QUE O MENINO GRUDOU EM MIM MEEESMO? O cara ficou sentado do meu lado um tempão e ficava me olhando com uma cara estranha meio de maníaco e, quando ele sorria, me lembrava a cara que o Pedro faz quando fala “tapinha na cocaína”. E toda vez que ele fala alguma coisa eu tenho que pedir pra ele repetir porque NÃO DÁ PRA ENTENDEEER, PORRAAA FALA DIREITOOOO!! Foi quando eu comecei a contar os dedos do pé dele para ver se ele tinha 5 mesmo que eu percebi que estava procurando defeito onde não tinha.
     No caminho para a praia de Whitehaven, a gente viu golfinhoooos!!!! Eu nunca tinha visto golfinhos na vidaaaa!!! Eles estavam nadando e dando uns pulos de vez em quando, igual nos desenhos! *___* Chegando na praia, cuja areia é a mais fina do mundo, os indianosfromuk me enterraram na areia deixando só a cabeça para fora! =D (Mais um CHECK na minha lista de coisas para fazer antes de morrer!) Foi divertido. He. As fotos estão na máquina de uma das meninas, não na minha. Porque na posição que eu estava – coberta de areia sem poder me mexer – não dava para dar o truque que faz minha máquina ligar. Nessa mesma praia, eu vi um dragão de comodo (um lagarto grandão) andando no mato e foi legal =D
     Voltamos para o barco e eu fiquei dormindo no sol... Até que chegamos num ponto de snorkel. Pulamos na água QUE ESTAVA GELADA PRA <3 e enfiamos a cara na água para procurar o Nemo. FOI MÓ MIADO. A máscara ficava embaçando o tempo todo, quase não tinha peixe e os corais não tinham cores incríveis. A única coisa legal que eu vi foi uma água-viva mas fiquei com medo e nadei para longe.
     Voltamos para o barco e, lá estava eu vendo o sol se por atrás das ilhas, deixando no céu um degradê de cores maravilhoso, com o mar cor-de-piscina diante de mim, quando um dos indianosfromuk falou, atônito, “This is real life.” Os amigos dele deram risada e zoaram ele, mas eu achei genial. CARA. THIS. IS. REAL. LIFE. Essa imagem linda, maravilhosa! Não acredito que eu estou aqui! O mundo é tão lindo que dói!! É ão lindo que eu quero ENGOLIR ele! Quero... quero... quero... Sei lá! Quero alguma coisa, quero conseguir absorver toda essa beleza! Mas como? E mais uma vez, me volto para a escrita e as fotos. Às vezes eu sinto que meu diário é uma forma de organizar meus pensamentos, de explicar pro mundo o que eu penso sobre ele. Não sei se vou conseguir mesmo abandoná-lo.
     De volta ao hotel, tomei banho e fui para o jantar, onde me deparei com um escocês de saia. “Fair enough” disse a inglesa depois de trocarmos olhares risonhos. Os jogos de hoje foram: 1) Virar um copo de cerveja sem usar as mãos. 2) Colocar uma moeda na bunda e sem tocar, fazê-la cair dentro de uma jarra de cerveja que estava no chão. 3) Sex Positions. OLHA O NAIPE DO JOGO! Era assim: o guia bonitão gritava o nome de uma posição e você e seu parceiro tinham que fazê-la. Vergonha de olhar pra cara do búlgaro-semi-conhecido depois, hum? Levemos na esportiva, É TUDO BRINCADEIRA :) By the way, as duplas de homem com homem eram as melhores.
     Para finalizar a noite, rolou um karaokê mas não quis cantar sozinha. Fiquei só vendo os outros cantarem e sentindo vergonha alheia da mulher que mulher destruiu completamente Total Eclipse of The Heart (NÃO É ASSIM QUE FAAAZ, MOÇAAAA!!) e do sueco, que cantou duas vezes com sua voz fanha e desafinada. Quando cansei e resolvi ir pro quarto dormir, o carrapato veio junto e tentou puxar assunto com “Can you believe this is already the last night?” HÃÃà THE LAST OUT OF... TWO? ¬¬
     Beijos de uma menina que tem seu próprio stalker

P. Sherman, 0607, Wallaby Way

     AI. CREDO. Sonhei que estava sendo perseguida pelo Hitler! Eu e mais duas pessoas, cujos rostos agora se resumem a pontos de interrogação, entramos dentro de um no chão pra nos escondermos, mas um dos soldados dele achou a gente e... eu acordei. Sã e salva dentro do quarto do backpackers. Desci para tomar café da manhã (que aqui é de graça mas não é pobre que nem o de Alice) e achei engraçado o curso que levou a minha conversa com uma menina que estava sentada na minha frente: “Hum... that jam is delicious, isn't it?” “Yeah, it's really good. I'm Jane” “I'm Marina” Sei lá, não tenho o costume de me apresentar pra alguém que comenta sobre a geléia. Isso não acontece no Brasil. Achei legal :)
     Depois do café da manhã, passei na boca de fumo checar meu facebook e fui passear pela cidade. Entrei numas lojas de souvenirs peculiares, que vendiam baralhos com 52 figuras diferentes e capas de tábua de passar com a figura de um homem de toalha que vai ficando pelado conforme você passa roupas sobre ele. Fui numa banca e dei uma lida numa reportagem (fiquei lá lendo na cara de pau e no final não comprei a revista porque custava AU$9,00. Confesso que minha mente foi tomada pelo pensamento cleptomaníaco de “Seria tão fácil roubar isso!” mas não fiz nada, NÉ? )sobre o último Harry Potter e MORRI. Sabia que eles explodiram de verdade o cenário deles de Hogwarts?! Cara, não acredito que esse é o ÚLTIMO Harry Potter. AAAHHHHH EU NÃO QUERO QUE ACABEEEE!! (Olha eu tentando prender o passado de novo) Vou reler todos os livros quando eu voltar!
     Aqui em Airlie Beach tem uma praia artificial/piscina pública/lagoon também. Igual em Cairns. Mas a daqui é bem mais bonita. Fiquei lá um tempo fazendo nada e depois fui para o hotel dar checkout (e descobri que vou ter que pagar CINQUENTA DÓLERES para ir para o aeroporto no sábado!!) e almoçar. Prato do dia: macarrão sem molho. Sem sal. Sem azeite. Sem NADA. Macarrão com macarrão, porque era a única coisa que eu tinha para preparar. FAZ PARTE DA CONSTRUÇÃO DO CARÁTER.
     Depois da minha amável refeição, eu voltei para a lagoon e fiquei lá lendo Eat Pray Love – O CAPITULO 42 É SEN. SA. CI. O. NAL - até dar a hora de ir para a marina. Fiquei lá no deck, esperando o barco chegar e, ao ouvir um cara falando vividamente sobre como ele derrotou o Alakazan no Pokemon Stadium, não consegui segurar a risada. Uma das meninas que estava com ele falou “Are you really talking abour pokemon? Look, that girl is laughing at you” OPS. NÃO ERA PRA VOCÊ TER VISTO. Mas, no fim das contas, acabei fazendo amigos. Todos eles eram de família indiana mas moravam em Londres :)
     Às 14h o barco chegou. Uma vez embarcados, todos começaram a beber e a fumar e eu, mais uma vez, me senti desconfortável: ISSO NÃO É UM PASSEIO INOCENTE E FOFINHO DE BARCO PARA VER TARTARUGUINHAS E PEIXINHOS? Acabei me acostumando e consegui relaxar. Fiz amizade com um alemão, um búlgaro (que parece o marido da menina do Mamma Mia) que mora na Alemanha e um casal de ingleses. Fiquei presa no banheiro, mas quando comecei a chutar a porta para tentar abri-la, o guia (que OH. MY. GOD. Era muito gato e tinha a voz mais sexy do mundo) ouviu e foi ME RESGATAR, COM UM CAVALO BRANCO, EMPUNHANDO A ESPADA PARA MATAR O DRAGÃO E... abrir a porta pra mim.
     Chegamos na ilha (linda e paradisíaca) onde íamos passar a noite, umas 18h. Fiquei no quarto com o búlgaro, o alemão, o casal inglês e um sueco. Jantamos macarrão COM MOLHO e depois os guias organizaram uns “drinking games” que foram bem engraçados. Antes de tudo, todo mundo teve que cantar (talvez gritar seja um verbo mais apropriado) seu hino nacional ao mesmo tempo, depois fizemos um jogo em que um tinha que virar bebida na boca do outro, depois um que você tinha que beber o mais rápido possível e ficar jogando o copo para cima até ele cair em pé e, por fim, um que a gente tinha que passar um daqueles spaghettis de piscina pelo meio das pernas uns dos outros. Foi engraçado e tenho que admitir que cerveja não é tããããão ruim assim.
     Depois dos jogos, fiquei sentada conversando com o búlgaro e com o sueco... o búlgaro é bem gente boa, mas o sueco é... estranho. Ele parece o Leonardo DiCaprio, mas é meio freak. Fala mó rápido e enrolado e resolveu grudar em mim. Quando a gente veio pro quarto, ele perguntou se eu podia acordar ele amanhã de manhã. HÃÃÃ, NÃO. “Why, you don't have an alarm clock?” “Yes” “I think it's better if you set your own...”
     Beijos de uma menina que está com saudades de Sydney
     O

terça-feira, 5 de julho de 2011

P. Sherman, 0507, Wallaby Way

     Acordei às 6h30, tomei café da manhã e encontrei com o John (o gordinho engraçado, que na verdade nem é tão gordinho assim. E ele é tão legal que merece ser chamado pelo nome), ele me olhou com cara de VOCÊ NÃO FOI NO CHURRASCO ONTEM e nós tivemos a seguinte conversa:
J: “Why are you up so early? Are you going to the reef?”
M: “No, I'm leaving”
(J faz cara triste)
M: “I'm going to Whitsundays”
J: “Fair enough”
M: “I hope the weather is better there!” (tentando quebrar o gelo)
J: “Me too” (e sai com a cabeça baixa)
     FIQUEI DE CORAÇÃO PARTIDO. Dei checkout e entrei no onibusinho do hotel para a cidade. Quando cheguei lá, ele desceu para me ajudar com as malas e eu falei “Bye! Thank you! And sorry for not dancing with you”. Ele sorriu, disse “Have a good trip, darling” e me deu um beijo na bochecha.
     Tá. Esse é o tipo da história dramática que provavelmente só aconteceu na minha cabeça. Na real, ele não deve ter nem ligado que eu não fui no churrasco e não dancei com ele e já estava indo embora. E deve ter sido simpático comigo só porque ele trabalha num backpackers com jovens do mundo todo e o trabalho dele é ser legal. Mas, enfim.
     Cheguei lá na cidade e peguei o ônibus para Whitsundays, dentro do qual fiquei 10 horas. DEZ. HORAS. Durante 9 delas, a paisagem resumiu-se a milharais e, na hora restante, a plantações de outras coisas. Vim o caminho quase todo ouvindo iPod. Tentei ler, mas fiquei enjoada. Então tive bastante tempo para pensar na vida e dormir.
     Paramos Às 10h30 para comer e eu peguei um sanduíche de ovo com curry que estava péssimo. MARINA, OVO COM CURRY SÓ É MAIS GOSTOSO QUE PRESUNTO E QUEIJO QUANDO A SUA MÃE (OU A MÃE DA NATALIE) FAZ, NÃO NUMA LOJA DE CONVENIÊNCIA FAJUTA NO MEIO DO NADA.
     Voltei para o ônibus, que quase atropelou um emú (um pássaro australiano que parece um avestruz), não assisti o filme da Angelina Jolie que estava passando e dormi. Acordei com meus pais me ligando. Falei para eles que meus créditos estavam acabando e que eu não tinha dinheiro para pôr mais então que agora eles que tinham que me ligar sempre. Aí meu pai MANDOU eu por crédito. Falou que ia me mandar dinheiro e que era pra eu por crédito e ligar para eles todos os dias. AQUILO ME IRRITOU DE UM JEITO! “Você não manda em mim!” foi o que veio na minha cabeça e estou só vendo as brigas que esse novo pensamento vai causar quando eu voltar. Porque na cabeça dele, claramente, está uma ideia diferente. Hunf, como se a gente já não brigasse o suficiente antes de eu vir. Não tem PORQUE por mais crédito no celular! O que eu tenho é suficiente para ligar da África do Sul para falar OI, TO BEM. O AVIÃO NÃO CAIU. E pronto! Por que eles não podem me ligar nos outros dias? Se eu tiver alguma emergência, posso usar o celular do Brasil. Nem sei onde tem lugar de carregar celular em Whitsundays!
Anyway, acalmei a mim mesma e tentei não me pré-ocupar com as possíveis brigas que estão por vir. Resolvi que não vou criar caso. Vou simplesmente enrolá-lo e não recarregar o celular. Simples assim.
     Quando eram 15h, eu já estava morrendo de fome e o motorista falou que dali 1h íamos parar para comer. CARA, se eu soubesse às 10h30 que só ia parar para comer de novo dali 5h, teria comido mais! Chegando no segundo pitstop, pedi um hamburguer e, quando estava na metade, vi que todo mundo já estava dentro do ônibus e corri para entrar. Nisso, derrubei o hamburguer e a beterraba (sim, tinha beterraba oO) do hamburguer e entrei no ônibus comendo pão com salada.
     Quando cheguei em Airlie Beach, fiquei meio perdida, sem saber como chegar no hotel. Liguei para eles e recebi as instruções. Andei andei andei, errei, voltei, andei andei andei, errei, voltei, andei andei andei e cheguei :) Na recepção, deu um rolinho com a minha reserva, mas a mulher ligou para a agência de Sydney e resolveu tudo rapidinho. Quando entrei no quarto, com 10 camas e só uma ocupada, fiquei com vontade de chorar. OIII???? POR QUÊ, GENTE???!!! Não tendo nenhuma resposta, eu me ignorei e fui tomar banho. Saindo do banho, conheci minha roomate: uma alemã com um piercing em cada narina. Achei estranho, mas ela é legal :)
     Arrumei minha mala de 3 dias, dentro da minha mala de 2 semanas, dentro da minha mala de 6 meses, dentro da minha real quantidade de roupas, para ir para o tour amanhã. Vou deixar o resto aqui no quarto, como se fosse da Erika (a alemã), para não ter que pagar para deixar no luggage room do hotel. FOFA! A gente conversou um pouco e ela falou o famoso “Do you wanna go for a drink?” e eu fiquei intimidada com a pergunta. Mesmo tendo “aprendido a beber”, esse convite ainda soa desconfortável para mim. Tipo, NÃÃÃOOO EU SOU PEQUENAAA. Sem falar que eu não gosto de beber com estranhos e a grana está curta, né?
     A segunda roomate chegou um pouco depois e ela também é fofíssima. Comprou pizza no Dominos e superdividiu comigo, só porque eu estava com preguiça de fazer macarrão. O nome dela é Louise e ela é escocesa. Ficamos as duas no quarto, cada uma fazendo suas coisas e conversando eventualmente. Ela falou que o bar aqui do hotel tem drinks por AU$3,00 das 17h30 às 22h e banda ao vivo todas as noites. INTERESTING... Quem sabe depois que eu voltar do tour e tiver amigos?
     Anyway, estou aqui lendo Eat Pray Love, mas como a Índia não está tão interessante quanto a Itália, eu estou ficando com sono.
     Beijos de uma menina que gosta mais de comer do que de rezar

segunda-feira, 4 de julho de 2011

P. Sherman, 0407, Wallaby Way

     Nossa. Não lembrava mais o que era dormir 12 horas numa noite. Fui dormir às 21h30 e acordei às 9h30... QUE DELÍCIA... Fiquei um tempo me revirando na cama de manhã, até que levantei, tomei café da manhã, dei uma organizada nas minhas roupas que estavam uma zona, descobri o ônibus que tinha que pegar para ir pra praia mais próxima daqui (1h QUE ETERNIDADEEEE!!), peguei o ônibusinho do hotel para a cidade e de lá peguei o ônibus pra praia.
     Chegando na praia (que tinha COQUEIROS! Choquei. Fazia muito tempo que eu não via conqueiro na praia, aqui as praias tem PINHEIROS ??!!), me perguntei: “Tá, quais são os planos para hoje?” e me respondi “Andar até a ponta da praia” e ri. Não sei quanto tempo eu fiquei lá, mas tudo que eu fiz o dia inteiro foi andar até um lado da praia, deitar na areia, entrar no mar, comer uma torta de uma vendinha, andar até a outra ponta, entrar no mar de novo, deitar na areia de novo... E como esqueci o iPod e o Eat Pray Love de novo, fiquei literalmente fazendo nada o dia inteiro. Acho que a única coisa que eu fiz hoje foi pensar. Foi bem gostoso, mas to cansando um pouco de não ter nada para fazer. Já deu de Cairns. Amanhã: Whitsundays! =)
     Eram quase 16h quando eu fui para o ponto de ônibus para voltar para Cairns e um desconhecido começou a conversar comigo. Estava tudo bem, ele parecia legal e estávamos falando de coisas normais, quando ele me vira e pergunta “How do you deal with your sexual frustration?” “WHAAAT????” A partir de então, eu o ignorei completamente e percebi que ele tinha algum problema mental, quando ele mostrou a língua pra mim porque eu falei que não queria ver as fotos dele. Aí ele me perguntou se eu tinha 20 anos e eu disse “No” e ele falou “You're not even 20? I'm 31, you know?”. A essa altura eu já estava apavorada, torcendo para o ônibus chegar logo. Sentei o mais longe possível dele, dentro do ônibus, e chegando na cidade fui correndo para o ponto onde o ônibus do hotel ia parar, com medo do cara me seguir!
     Sã e salva dentro do hotel, eu tomei banho, fechei minha mala para amanhã de manhã, jantei e fui pro computer room. Vi esse vídeo sensacional http://www.youtube.com/watch?v=gJkThB_pxpw&feature=share, entrei no site da empresa do balão e fiz aquela coisa de pobre de dar print screen na foto com o logo da empresa no lugar de comprar a foto, postei fotos no livrodorosto, li e respondi todos os e-mails, mensagens, comentários e derivados dos meus amigos do Brasil e cheguei à conclusão de que eu tenho os melhores e mais engraçados e mais legais amigos do mundo! Nem acredito que em uma semana vou rever todo mundo! Não acredito que já passou! A minha VIAGEM PARA AUSTRÁLIA, aquela coisa que parecia uma monstruosidade gigante, vai acabar UMA SEMANA!
     Mais uma vez, fiquei antisocializando, aqui no meu quarto. O gordinho engraçado me perguntou, quando eu estava no ônibus voltando da cidade, "Are you coming to the barbecue tonight? You owe me a dance, my dear." E eu falei “Why not?” mas foi só para ser simpática, porque ele estava sendo legal. Na verdade, eu já tinha comida pronta e continuo sem ter ninguém para ir comigo. Sendo assim, fiquei aqui lendo Eat Pray Love e já estava cansando quando meu celular tocou e eu pensei PAAAAI, JÁ FALEI COM VOCÊ HOJEEE! “Alô?” “Maninááá???” “AAAAAAAAAAHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH” Era a Nacraudia *____* Ai que gostoso ouvir a voz delaaa!! Ficamos um tempão no telefone e nem acredito que desligamos falando “Até daqui uma semana”. Vou dormir com um sorriso no rosto :D
     Beijos de uma menina com a cara vermelha porque esqueceu de passar protetor hoje :P
     É

P. Sherman, 0307, Wallaby Way

     Acordei às 3h30 para ir andar de balão. Me arrumei, tomei café da manhã e fui pra frente do hotel esperar o ônibus da empresa, que estava vindo me buscar. Conversei com umas pessoas que AINDA estavam acordadas e estavam me perguntando porque eu JÁ estava acordada e, quando o ônibus chegou, eu entrei e qual não foi minha surpresa quando o motorista/organizador me vira com seus olhos puxados e fala “du iu go barunin tudei?” Eis que eu viro para trás e TODAS AS PESSOAS SENTADAS NO ÔNIBUS SÃO ASIÁTICAS. NÃÃÃÃÃÃÃÃOOOOO!!!!
     Olhando a chuva pela janela, eu me arrependi profundamente de ter colocado chinelo. Eu NUNCA uso chinelo. Por que cargas d'água eu resolvi colocar hoje? Agora meus pés estavam congelando e eu estava trancada num ônibus com esse povo irritante que fala um dialeto alternativo que eles chamam de inglês, tira foto de absolutamente TUDO (e olha que sou EU que estou falando isso), tem altura máxima de 1m e ou não ri de nada ou ri de tudo com uma risadinha fina e irritante deixando os olhos dele menores do que já são. ISSO TUDO ÀS 4H DA MANHÃ! POR QUE TÃO CEDO, MEU DEUS? POR QUÊ?
Respirei fundo e repeti para mim mesma “Não julgue, Marina, não julgue as pessoas pela aparência. Ou o formato do olho.” Imaginei a Camila (Moretti) na minha situação e tive certeza do que ela faria: ela riria. No lugar de ficar irritada com a pateticidade dessas pessoas, ela riria delas. Mas não maldosamente. Riria delas com elas. Ofereceria para tirar foto delas pulando e ainda falaria “1, 2, 3 e já”. Seja um pouco mais Camila, Marina. Ria da vida.
     Anyway, paramos num lugar para pegar outros passageiros – que não eram asiáticos! UHU! - e fomos para o lugar onde estavam os balões. Quando chegamos, ainda estava escuro e eles estavam enchendo os balões. Foi muito legal vê-los enchendo, o cara ficava acendendo o fogo e o balão ia enchendo... enchendo... Já estava um pouco mais claro quando a gente entrou no balão, que CARA, era enorme! A cesta era para 20 pessoas e a lona tinha 36m de altura!
     Se o dia não estivesse nublado, a gente teria visto o nascer do sol, mas não foi o caso. O vôo durou meia hora e foi bem legal :) Não fiquei com nem um pouco de medo, nem quando tinha uma chama de 2,5m em cima da minha cabeça, nem quando o piloto falou “Eu não tenho controle da direção pra onde o balão vai. Ele vai de acordo com o vento. Tudo que eu posso fazer é controlar a altura.” A gente sobrevoou plantações de... coisas e florestas com cangurus/wallabies saltitando *__* E uma japonesa/coreana/chinesa doida começou a falar comigo em japonês/coreano/chinês! Eu fiquei tipo OOII??? Fiquei tão chocada que nem consegui responder nada. EU TENHO CARA DE ASIÁTICA? POR QUE VOCÊ TÁ FALANDO COMIGO NESSA LÍNGUA??!! A parte mais RADICAL (Nescau, o cereal radical!) foi a aterrissagem. O balão foi se aproximando no chão... se aproximando do chão... deu umas quicadas e parou. Aí ficou cambaleando de um lado pro outro e eles pediram pras pessoas começarem a sair. Logo depois que eu saí, eles resolveram fazer diferente e deitaram a cesta no chão! Muito mais legaaal! PO, POR QUE EU TINHA QUE SAIR ANTES? ¬¬
     Depois de todos ajudarmos a dobrar e guardar o balão, o ônibus foi para uma cidadezinha ali do lado onde tinha um mini-museu com umas coisas antigas (UM MUSEU COM COISAS ANTIGAS? AH VÁ!) e voltou para Cairns. Cheguei aqui às 9h30, sem planos para o dia. Achei que esse negócio fosse durar o dia inteiro! Mas foi tão rápido... AGORA ME DIZ: POR QUE TÃO CEDO???!!
     Anyway, tomei café da manhã de novo e fui dormir. Acordei às 12h30, almocei, dei uma arrumada nas minhas coisas que estavam uma zona, me olhei no espelho e percebi que estou GORDA e que preciso cortar o cabelo e fazer a sobrancelha e peguei o BUS TO TOOOOWN para ir na praia artificial (aquela piscina pública que eu falei). Como estava nublado e a água estava fria, eu acabei ficando só ali em volta, deitada na grama. Vi um monte de gente comendo sorvete e acabei caindo na tentação. Pensei “Estou gorda e não quero gastar dinheiro” e contra-argumentei: “Se você já está gorda, não é esse sorvete que vai fazer diferença. Você não vai emagrecer em uma semana e chegar no Brasil em forma. Desencana e aproveita sua Aussie. Além disso, o sorvete do Mc é só AU$0,50” Fez-se o estrago. Comprei uma casquinha e sentei na grama do lado da piscina. Não levei livro, nem iPod, nem celular... portanto, eu não tinha absolutamente NADA para fazer. Foi tão bom... Acho que dominei a arte de fazer nada. É uma delícia ficar deitada na grama sem pensar que eu devia estar estudando ou fazendo as coisas que estão na minha LISTA DE COISAS PARA FAZER sobre a minha escrivaninha ou que tenho que ir trabalhar em sei lá quanto tempo... Ficar sem fazer nada até cansar de não fazer nada e andar para o ponto onde o ônibus do hotel vai te buscar. O ônibus não apareceu e eu resolvi andar até o hotel. TUDO É TÃO SIMPLES QUANDO SE TEM UM MAPA!
     Cheguei aqui sã e salva em 15 minutos. Ainda eram 17h15 e eu não tinha mais nada para fazer. Fui para o quarto e fiquei jogando paciência no computador. (Me sinto muito loser toda vez que jogo paciência, não sei porquê). Minhas roomates escocesas se arrumaram para sair e chamaram dois meninos aqui para o quarto para “fazer um esquenta” (churras, breja, curtir, véi). Eu estava deitada na minha cama lendo Eat Pray Love e é difícil descrever o que aconteceu. Não sei se eles me ignoraram ou eu ignorei eles. O fato é que eles não me dirigiram a palavra e agiram como se eu não estivesse aqui. Eu, por sua vez, não consegui pensar em nada que valesse a pena falar e não fiquei à vontade para me meter na conversa deles. E é mais ou menos isso que está acontecendo todos os dias aqui em Cairns. A moça da agência de viagens falou que tinha AAALTAAAS FEEESTAAAS em Cairns e que eu ia me divertir pra caramba e que o meu backpackers é um dos mais badalados. Realmente, tem mó galera no bar lá embaixo e eu vi uma plaquinha na recepção de PRÊMIO DE MELHOR ATMOSFERA. Mas não sou descolada o suficiente pra ir lá sozinha tipo OI GENTE!
     No lugar disso, eu fiquei no quarto jogando paciência, lendo Eat Pray Love e uma lista que o Danilo me mandou há milênios de 786 JEITOS DE IRRITAR AS PESSOAS e revendo as fotos desde o começo da viagem... ai ai, vou sentir falta desse lugar, viu? Não quero nem pensar em como vai ser me despedir do Opera House.
     Beijos de uma menina com a impressão de que ultimamente os posts estão grandes demais
     T

P. Sherman, 0207, Wallaby Way

     Acordei às 6h20, troquei de roupa no escuro, tentando não acordar minhas roomates, comi o sucrilhos que eu comprei ontem de café da manhã e peguei o BUS TO TOWN das 7h10. Cheguei na marina, fiz o checkin e entrei no barco que ia me levar para fazer mergulho. Decidida a ser sociável, eu sentei numa mesa com três meninas e já comecei com o papinho introdutório “Hi, what's your name? Where are you from?” - Ella from Melbourne, Giorgia from Italy and Avril from Ireland. Todas viajando sozinhas também :)
     O barco foi ondulando pelo mar (que tinha uma cor inacreditavelmente linda, um azul que parecia fundo de piscina) e eu fiquei enjoada ¬¬ A Avril ofereceu remédio anti-enjôo pra gente e, DEPOIS DE CERTIFICAR QUE A EMBALAGEM NÃO DIZIA “BOA-NOITE CINDERELA”, PAI, eu tomei e ajudou :) A Avril é boazinha. A do mal é a Ella, que achou que eu falasse espanhol. Australiana ignorante ¬¬ Brincadeira, ela era boazinha. Só era burrinha, tadinha.
     Chegamos na nossa primeira parada, que era uma ilhazinha minúscula, com vários corais em volta. Eu achei que o mergulho fosse ser tipo MERGUUULHOOO DE VERDAAADEEE, com cilindro de oxigênio e tudo mais. Mas era só snorkel. Pra mergulhar de verdade, tinha que pagar AU$75,00. E, como o dinheiro está contado até o final da viagem, não rolou.
     Colocamos aquelas roupas de borracha, pés de pato e márcarazinha de snorkel – ADORO QUÃO PATÉTICAS AS PESSOAS FICAM COM ESSAS ROUPAS! - e entramos na água, que estava muito mais quente do que o barco e a ilha, onde estava ventando e garoando de lado (o que, segundo o gordinho engraçado do barco – ELES ESTÃO POR TODA PARTE *___* - não é frio. É tropical).
     Snorklei sobre os corais (que eram tipo 1 / 3768163972154782195 da Great Barier Reef – a maior barreira de corais do mundo =D) e vi anêmonas, esponjas (ACREDITA QUE NENHUMA DELAS USAVA CALÇA QUADRADA?!), peixes, coisas coloridas engraçadas que parecem cérebros, coisas amarelas legais que parecem macarrão e nenhuma tartaruga, estrela do mar, baleia, golfinho ou tubarão-que-não-mata-mas-dá-uma-adrenalina-pro-passeio.
     Depois do almoço, fomos para a nossa segunda parada: o paradise (um ponto no meio do mar, com bastante coral). Depois de ter comido, a minha vontade era vegetar pra sempre dentro do barco quentinho, mas é óbvio que eu não fiz isso. Me forcei a sair de dentro do barco, pôr a roupa molhada e gelada e ridícula e pular na água fria. E TEM QUE SE DIVERTIR!
     Gostei mais dessa parada do que da primeira. O coral era maior e tinha mais peixes diferentes e coloridos. E eu vi o peixe do BOLHAS BOLHAS MINHAS BOLHAS =D Além disso, não estava mais chovendo e o sol estava aparecendo no sol, então eu não congelei :D Mas ainda nada de Nemos, Doris e tartarugas surfistas “/
     No caminho de volta para a marina de Cairns, eu vim conversando com a Giorgia e BABY, EU TENHO UMA CASA PARA FICAR EM ROMA. TÁ? Ela é bem legal, viemos o caminho todo sentadas lá fora, tomando sol e conversando sobre os ex-namorados doidos dela, as viagens que nós duas fizemos, a faculdade que ela fez e que eu vou fazer... Toda vez que me perguntam o que eu vou fazer quando eu voltar pro Brasil, eu respondo: cursinho e faculdade de Audiovisual. Todo mundo acha superlegal. NOOSSAAA AUDIOVISUAAAL QUE LEGAL! E é legal mesmo. Então por que eu não fico mais empolgada me imaginando estudando no Senac e fazendo curtas e orgulhosa por estar no que foi classificado pelo MEC como melhor curso de audiovisual do Brasil? Tudo que eu consigo pensar é QUE PREGUIIIIIÇAAAAA... Tá, talvez seja porque, antes, eu vou ter que passar 6 meses no calabouço da morte, estudando 37 horas por dia, entrando em detalhes totalmente irrelevantes para a vida real. Mas, mesmo quando eu penso na faculdade isoladamente, não fico mais com os olhos brilhando. Não me imagino trabalhando numa produtora editando vídeos e mixando sons, por mais legal que eu ache isso. Será que eu devia desistir de audiovisual e me jogar na sorte das artes cênicas de uma vez? A ideia de fazer Célia Helena, me desperta certo interesse... Mas todos sabemos que isso vai me fazer morrer de fome, se eu não tiver nenhuma outra habilidade com a qual arranjar um emprego que me faça ganhar dinheiro de verdade. E arquitetura? Sempre tive interesse, adoro desenhar plantas e jogar The Sims... não, ainda não é isso... Não acredito! Eu, que sempre fui tão decidida na minha carreira e olhava com pena para as pessoas que estavam em dezembro do terceiro colegial e não sabiam o que fazer, não sei o que fazer agora. QUERO PASSAR O RESTO DA VIDA VIAJANDO PELO MUNDO, MORANDO 6 MESES EM CADA PAÍS! Como chama essa faculdade?
     Ficamos lá conversando até que um careca legal da tripulação – carecas legais também estão por toda parte – começou a fazer um show de mágica lá dentro, que nós assistimos enquanto tomávamos chá com bolachas. HOW BRITISH! Chegamos na marina às 17h, nós 4 tiramos fotos e trocamos facebooks e depois cada uma seguiu seu destino. Vim para cá com o ônibus do hotel e fui direto pro banho – meu cabelo estava uma coisa indescritível: um grude de água, sal e areia indesembarassável. Tá. Acabei de descrever. Quando voltei para o quarto, duas das minhas roomates que nunca estão aqui, estavam e eu, no meu espírito repentinamente sociável, comecei a conversar com elas e descobri que elas são inglesas *___* SE EU INVESTIR NA AMIZADE, VOLTO PRO BRASIL COM UM HOTEL NA ITÁLIA E UM NA INGLATERRA (fora os que eu já arranjei na Suíça, na Espanha, na França, na Suécia e em Portugal, nos últimos meses - e, consequentemente, minha casa virou hotel para todo mundo porque o processo é assim: "If you come to Brazil, call me! You can stay at my place!" o que meio que força a pessoa a dizer "You too!"). TÁ BOM, NÉ?
     Depois de jantar, fui pra lanhouse do hotel e postei as fotos de hoje no facebook, respondi mixurucamente os e-mails – só pra satisfazer a ansiedade das pessoas, porque na verdade vou poder discutir todos os assuntos pessoalmente daqui 9 dias. NOVE. DIAS.
     Não quero ir embora D:
     Beijos de uma menina que vai andar de balão amanhã *__*
     A

sábado, 2 de julho de 2011

P. Sherman, 0107, Wallaby Way

     Acordei às 9h da tarde, me coçando toda porque, como o meu repelente foi apreendido, os pernilongos fizeram um banquete durante a noite. Comi um pão de queijo e bacon que sobrou de ontem, tomei banho e fiquei me questionando o que fazer. Tenho mergulho marcado para amanhã e balão marcado para domingo. Mas hoje e segunda, eu não tenho nada para fazer! E, como não sou a Mônica nem a minha mãe, não li meu guia, não planejei nada e não tenho ideia do que tem para fazer em Cairns. Enquanto eu pensava, ouvi o gordinho engraçado gritar BUS TO TOWN!!!! E falei: por que não?
     Fiquei andando pelo centrinho da cidade e me senti na Praia Grande – só que sem perigo de ser assaltada e com pessoas mais bonitas. Tudo plano, as calçadas quadriculadinhas, várias lojinhas de trecos... Entre elas, uma de souvenirs, onde eu comprei um wombat de pelúcia *__*
Fui até a marina e vi um barco que é uma réplica de um barco antigo mas no qual eu não entrei porque tinha que pagar. Continuei andando e comprei um sorvete de menta e chocolate com um dinheiro que eu não devia ter gastado, mas que a tentação e as narrativas da Elizabeth Gilbert sobre os gelatos da Itália me forçaram a.
     Andei por todo o “calçadão” e passei por uma piscina pública incrivelmente limpa... só comendo meu sorvete e pensando em como, ironicamente, eu vou sentir falta de ficar sozinha quando eu voltar pro Brasil. De andar sem destino, sem pressa, sem ninguém me cobrando nada, poder fazer o que eu quiser e ter tempo para pensar. De passar a tarde comigo no Opera House. Preciso encontrar um Opera House em São Paulo.
Passei no supermercado e comprei macarrão, atum e sour cream para fazer minha comida da semana (vou ficar tempo suficiente aqui para isso. Nos outros lugares eu acabava comendo fora sempre porque não valia a pena cozinhar para tão pouco tempo) e fiquei fazendo hora deitada na grama DE CAMISETA DE MANGA CURTA E SHORTS, tomando sol ao som de uma banda ao vivo, enquanto esperava o ônibus que ia me trazer de volta para o backpackers.
     O gordinho engraçado chegou e nós viemos os dois dançando “Never gonna ge to far away from the music” dentro do ônibus. Ele adorou e no final falou "We should go out to dance someday!" Cheguei no hotel, fiz meu macarrão, ouvindo meu iPod e cantando sozinha na cozinha, almocei e passei a tarde lendo Eat Pray Love na beira da piscina :) Sou muito anti-social por estar interessada no meu livro e por ter vergonha de ir falar com completos estranhos que estavam sentados na mesa ali perto conversando?
     Quando cansei de ser culta, parei de ler e fui para o computador queimar meus neurônios. Falei com a minha mãe no skype, mas a ligação tava uma merda e meus créditos acabaram logo. Então, eu jantei e agora estou indo dormir (são tipo 21h30 da noite, mas amanhã eu vou acordar às 6h20, então é bom que eu esteja indo dormir cedo).
     Beijos de uma menina que vai ver Nemos e Doris amanhã *__*

sexta-feira, 1 de julho de 2011

P. Sherman, 3006, Wallaby Way

     Acordei, tomei café da manhã – aquele pobre mas que é de graça então tá valendo – arrumei minhas malas, tentando (inutilmente, porque estava mexendo com sacolas de plástico que fazem CRHPSHRHSPSH num volume desproporcionalmente alto) não fazer acordar as minhas roomates, dei checkout e fui para o computer room usar a 1h de crédito que eu comprei. Quando acabou, eu comprei mais 15 minutos e depois mais 15 minutos. Me senti uma viciada em drogas que vende os relógios dos pais e vai na favela para comprar só mais um pouquinho de cocaína. E mesmo assim, ainda não fica satisfeita. 1H30 não foi suficiente para carregar minhas fotos no picasa e no facebook e ler os e-mails e convidar as pessoas para o meu jantar de despedida no Churrasco e acalmar os nervos de quem está me cobrando notícias no facebook.
     Uma parte de mim ficou feliz quando o cartão com os créditos pra internet parou de funcionar – sem motivo nenhum, como todas as falhas inexplicáveis de aparelhos eletrônicos – e eu fui forçada a sair do computador e ir para o mundo. Peguei um mapa da cidade e fui no banco tentar tirar meu dinheiro do tax. Tax é um imposto que descontam do seu salário toda semana, mas que você pode pegar de volta quando para de trabalhar. Falei com uma mulher lá e no fim das contas, não consegui. Cada pessoa me fala uma coisa e até agora eu não entendi como pegar esse dinheiro de volta ¬¬
     Liguei para a Ola e fui encontrar com ela, as duas escocesas e os três franceses na cidade (acho muito legal que tem aborígenes para todo lado por lá. Onde no Brasil a gente encontra índios andando por aí??). Fomos no supermercado para comprarmos comida para o almoço: picnic no parque :) Foi legal, eles são pessoas bem legais! Rolou uma listinha de e-mails, então talvez eu ainda venha a ter notícias deles de novo na vida. Quando deu 14h30, eu fui embora. Voltei para o hotel, terminei de arrumar minhas coisas e peguei o ônibus fretado das 15h30 para o aeroporto para vir para Cairns.
     Gostei tanto do aeroporto de Alice Springs... Ele é térreo e pequenininho, mas ainda tem todo aquele ar de aeroporto que eu amo. Todo moderno e internacional, mas rodeado de árvores! ANYWAY, fiz checkin, passei pelo raio-x e tive meu repelente apreendido porque era aerosol ¬¬ e depois fiquei no portão de embarque esperando pro embarque (AH VÁ!). Foi quando eu descobri que TINHA FREE WI-FI! UHUUUUU!!! Entrei na internet, terminei de ler o e-mail abissal da Gi e de pôr as fotos no facebook, comecei a responder os e-mail e a carregar as fotos no picasa, mas antes – BEEEEM ANTEEES - de eu terminar, começaram a chamar para embarcar.
     O avião estava mó vazio! Tinha vários lugares desocupados. Eu ia mudar de cadeira e deitar em uma daquelas de três, mas outras pessoas tiveram a ideia antes de mim, então eu me contentei a ficar olhando o pôr do sol que estava MARAVILHOSAMENTE SENSACIONAL E CHEIO DE CORES LINDAS. E... bem... é... hum... tirei fotos.
     Foi tudo bem no vôo e eles serviram jantar! YAAAY! Chegando em Cairns, ESTAVA QUENTE. Quente tipo, CALOR MESMO. Calor tipo A MARINA NÃO ESTAVA COM FRIO. Calor tipo ESTAVA CHOVENDO E NÃO ESTAVA FRIO *___________* Liguei pro backpackers e um cara gordinho engraçado foi lá me buscar. Viemos para cá e ele me mostrou meu quarto, que é rosa e eu estou dividindo com 5 meninas. Fiquei um tempo vegetando na cama, não conversei com uma das minhas roomates porque ela estava assistindo um filme no computador, conversei um pouco com outra que curiosamente (digo “curiosamente” porque eu nunca tinha conhecido nenhuma na vida e de repente conheci 3!) é escocesa e agora estou indo dormir. Ainda são 21h e está rolando mó AGITO no bar lá embaixo, mas eu estou cansada e não vou lá sozinha, né?
     Beijos de uma menina que não faz ideia do que vai fazer amanhã
     G

P. Sherman, 2906, Wallaby Way

    Acordei às 5h15 de novo, feliz por não ter nenhum rato na cara, tomei café da manhã e entrei no ônibus para os canions. Como não podia faltar, para poder chamar essa viagem de aventura, o pneu furou. Todo mundo desceu e ficamos quase 1h parados na estrada para trocar. Eu não tenho conhecimento nem habilidade para ajudar, mas fiquei junto e segurei os parafusos.
     Back to the road, chegamos nos canions e, com toda certeza, foi o lugar que eu mais gostei de visitar aqui. Mais bonito que o Kata Tjuta, mais bonito que o Uluru... E eu vi uma das coisas mais sensacionais que eu já vi aqui na Austrália: um coala que cabia na palma da minha mão. Ele estava agarrado num galho de árvore e mal parecia um coala porque estava muito doente e o pelo dele estava seco e duro. A guia falou que se a gente pegasse ele na mão, ele provavelmente quebraria. Mas que isso é normal aqui, só o fato de ele estar vivo é uma vitória.
     Anyway, continuamos andando e tirando fotos – desisti do diário, mas não das fotos. Gosto demais delas para isso. Mas vou tomar cuidado para não olhar os lugares só por trás da lente – e ficando com vontade de fazer xixi porque a guia manda a gente beber água toda hora para não desidratar e a caminhada tinha 3h30 sem nenhum banheiro no caminho. Mesmo estando diante de precipícios de centenas de metros de altura, sobre pedras de areia cujas margens podiam espatifar a qualquer momento, eu não fiquei com medo porque obedeci a ordem FIQUE SEMPRE A 2 METROS DA BEIRADA da guia, diferente das asiáticas retardadas que ficaram tirando fotinho sentadas/deitadas na borda das pedras.
     Depois dos Canions, nós pegamos o ônibus de volta para Alice Springs. Paramos algumas vezes para ir no banheiro, almoçar, resistir ao milkshake delicioso, caro e engordante e quebrar os óculos escuros. Uma das francesas, cujo pai é português, colocou o iPod dela com músicas brasileiras para tocar e nós viemos ouvindo Ivete Sangalo metade do caminho :D Na outra metade, eu e as escocesas ficamos cantando as músicas do Rei Leão, que vieram na nossa cabeça do nada – acredito que tenha a ver com o céu laranjaamareloverdeazul de fim de tarde que estava totalmente Ciclo Sem Fim.
     À essa altura do dia, eu estava com aquela sensação de quando você volta de uma viagem superlegal, mas está mó cansada e tem aquela sensação de "Hum... agora estou voltando pro conforto gostoso de casa". Mas no meu caso, casa = Toddy's Backpackers. Chegando lá, liguei para a minha mãe para dizer que tinha sobrevivido e estava de volta à civilização – se é que dá pra chamar Alice Springs de civilização – onde tinha sinal de celular. Pus todas as minhas roupas na máquina de lavar e depois na máquina de sacar e isso me custou OITO DÓLARES. Depois, fui para o restaurantezinho do hotel, onde todos do tour se encontraram para jantar juntos. Comi macarrão à bolonhesa, mas não estava tão bom. Bom, estava tão ruim quanto um macarrão à bolonhesa pode ser, né? Mas por AU$5,00 eu estou feliz.
     Saindo de lá, fomos todos para um bar na cidade. Foi engraçado fingir que sabíamos dançar shuffle e brincar de passar embaixo da muleta da Fiona, mas fiquei desconfortável quando todo mundo estava bêbado e solto e com regata, falando para eu tirar o casaco e o cachecol sendo que eu estava morrendo de frio. “If you dance, you'll get warm! Come on, you don't look like a brazilian!” Me senti de volta à sexta série, sob pressão da sociedade. A diferença é que agora, eu fico com o casaco.
     Quando o bar fechou, as pessoas queria ir para outro, mas eu vi a oportunidade perfeita para fugir para o meu lar doce lar – bom, pelo menos por essa noite. Cá estou dentro de um saco de dormir, na cama de cima de um beliche, num quarto com mais três meninas cujos nomes eu nem lembro porque mal conversamos antes de eu sair para jantar, pronta para entrar no maravilhoso mundo dos sonhos. Ah, e acabei de perceber que a sola do meu all star está descolando. É, não é lá o calcado mais apropriado para 3h30 de caminhada né?
     Beijos de uma menina que devia ter trazido o tênis de amortecedor para a viagem.
     O

P. Sherman, 2806, Wallaby Way

     Lembra quando a gente aprendeu na escola que faz muito frio no deserto à noite? Não é mentira. E às 5h da manhã, ainda é noite. Quando eu saí da barraca PUTA QUE PARIU! Estava FUCKING FREEZING!!!! Tomei café da manhã (pão com nutella huuummmm *_____*) e a gente foi de ônibus pro Uluru para assistir o sunrise. No caminho, a Shannon colocou umas músicas australainas engraçadas para tocar, com letras do tipo “Come to Australia and you might accidentaly get killed!” e “Dou-di-dou-di-dou-dou-dou on the back of a kangoroo!”
     Depois de assistirmos o nascer do sol – que foi maomeno (mesmo problema do pôr do sol porque dessa vez a gente assistiu do outro lado ¬¬) – a gente fez a caminhada pelo Uluru. Dá para entender porque os aborígenes o consideram sagrado. É tão enorme, tão gigante... Dá pra sentir o poder que ele exala. E dá para entender porque eles pedem para a gente não escalar – apesar de existir a opção e de eu ter ficado tentada a fazê-la até descobrir que 36 pessoas morreram escalando e que os aborígenes se consideram responsáveis por cada uma dessas mortes e pela contaminação daquele espaço sagrado se autopunem batendo a cabeça em pedras e cortando os punhos –, seria como escalar uma igreja. Tirei 8231640613287538165874682 fotos e, só quando a gente chegou no water hole e a Ola (uma australiana que estava no tour) falou “It's so peaceful”, eu percebi que não tinha percebido que era peaceful porque não estava olhando e sentindo o lugar porque estava muito ocupada tirando fotos, que no fim das contas vão parecer todas iguais, vão parecer só... pedras. Conversei com ela sobre isso no caminho de volta pro ônibus e ela disse que a melhor coisa que aconteceu com ela foi perder a máquina fotográfica na viagem que ela fez pra Europa. No lugar de comprar outra e freneticamente postar no facebook tudo que acontece com ela, ela aproveitou os lugares, olhou de verdade para cada um deles. Eu acho que eu tiro tantas fotos e escrevo um diário há 12 anos porque tenho medo de esquecer as coisas e faço isso para tentar eternizá-las. E se eu simplesmente aproveitá-las enquanto elas acontecem sem a ansiedade de registrá-las e deixar pro meu cérebro o trabalho de selecionar o que merece ser lembrado ou não? Só não abandono esse blog neste exato momento porque sei que vocês querem saber o que está acontecendo comigo, mas acho que a dinastia de diários de Marina Moretti chegou ao fim. Pelo menos por enquanto...
     Depois da caminhada, nós fomos para o centro cultural, onde tinha um museu com histórias e arte aborígenes e um livro de cartas de pessoas pedindo desculpa por terem levado pedacinhos de pedras no Uluru para casa ou tirado fotos nas áreas proibidas (algumas partes são sagradas e não podem ser fotografadas), dizendo que tudo começou a dar errado na vida delas depois disso. No caminho para o camping, eu comecei a rever minhas fotos na máquina e percebi que no fundo de uma delas tinha uma placa de DO NOT TAKE PICTURES IN THIS AREA. Deletei na hora.
     O almoço hoje foi hamburguer e uma das coreanas falou que eu pareço a Hermione *__* Levantamos acampamento e pegamos a estrada para um outro camping, perto do Kings Canion. Demorou 5 horas pra chegar lá. Paramos algumas vezes para ir no banheiro e se alongar e uma para catar lenha pra fogueira! Como diria o Marcelo, MUITO TR00!
     Chegamos no novo camping no fim da tarde e jantamos na companhia de ratos que estavam andando para lá e para cá ao nosso redor. Depois da janta, sentamos todos em volta da fogueira e comemos marshmallows espetados em galhos, que a gente catou do chão – o mesmo chão onde nós e os ratos pisamos – e ficamos contando piadas. Eu não contei nenhuma, mas ouvi várias de alemães zoando franceses e franceses zoando belgas. Conversei bastante com a Fiona e ela é legal =D
     Agora acabaram as piadas e estão todos indo dormir. Hoje não tem barraca. Vamos dormir dentro de sacos de dormir, dentro de um negócio que eu nunca lembro o nome (é tipo um saco de dormir mais grosso e com um colchãozinho nas costas), em volta da fogueira. E, quer saber? NÃO TOMEI BANHO MESMO. Tá frio demais pra isso! E tenho certeza que os ratos não vão ligar. Aliás, espero que nenhum deles entre dentro do meu saco de dormir durante a noite, nem as cobras do deserto. Estupidamente, eu não estou com medo dos dingoes (cachorros selvagens), só porque eles são peludinhos e fofinhos e parecem cachorros. Mas, considerando que eu devia estar, espero que nenhum deles venha lamber minha cara.
     Beijos de uma menina que vai dormir vendo a via láctea
     L
     PS: Acabei de ver duas estrelas cadentes.

P. Sherman, 2706, Wallaby Way

     Não sei porque, mas hoje acordei com muita saudade do Jonatan! Acho que sonhei com ele, mas TÉ PARECE que eu lembro o quê ¬¬ PÔ, CÉREBRO! COLABORA, NÉ?
     Anyway, acordei meia hora antes do que devia porque esqueci de arrumar o relógio do celular de acordo com o fuso horário daqui, que é meia hora (ONDE JÁ SE VIU FUSO-HORÁRIO DE MEIA HORA??!!) mais cedo. O que significa que eu acordei às 4h30 (Y). Me arrumei e fiquei fazendo hora até dar 5h30, que era quando começavam a servir o café da manhã – que era bem pobrinho, nada daqueles banquetes de hotel de quando você viaja com a família. Mas só o fato de oferecer café da manhã tá bom demais. Nenhum backpacker faz isso! Se eu fosse comprar meu próprio, provavelmente comeria exatamente a mesma coisa: torrada com manteiga e leite.
     Me despedi da Sasha – que é uma fofa! Sei que já disse, mas preciso repetir. Ela é uma graça! Super me abraçou e desejou boa viagem e tudo mais, sendo que não fazia nem 24 horas que a gente se conhecia – e peguei o ônibus pro tour. A guia era uma mulher chamada Shannon. Broxei quando vi que era uma mulher baixinha que fala cada frase como se estivesse perguntando alguma coisa e não um cara gordinho engraçados que fala gritando e fica fazendo piada o tempo todo – tipo o que me pegou no aeroporto ontem.
     Tinham 24 pessoas no ônibus: um monte de alemão, três franceses, três coreanas, uma japonesa, uma sueca, dois australianos, dois eslovacos, duas escocesas e só eu de brasileira (graças a deus!). Todo mundo caiu no sono nas primeiras horas de viagem, então nem rolou muita interação. Paramos num lugar desses de estrada para ir no banheiro e comer, mas não era qualquer lugar-de-estrada-para-ir-no-banheiro-e-comer. TINHA CAMELOS! E eu paguei AU$6,00 para andar em um por 1 minuto!! *_____* (Caro, eu sei. Como tudo aqui nesse deserto! Eles metem a faca porque são a única opção. MAS QUEM LIGA? ERA UM CAMELO! EU TINHA QUE ANDAR!)
     Voltamos pro ônibus e rolou uma apresentação estilo alcoólatras anônimos: OI, MEU NOME É MARINA. EU SOU BRASILEIRA, MAS ESTAVA MORANDO EM SYDNEY NOS ÚLTIMOS CINCO MESES. MEU ANIMAL AUSTRALIANO PREFERIDO É CANGURU E MEU PRÓXIMO DESTINO É CAIRNS. E EU NÃO GOSTO DE VEGEMITE.
     Na estrada, a gente viu uma águia muito enorme, legal e épica (comendo um canguru atropelado =/) e uma pedra gigante no meio do nada que não é o Uluru – QUAL É A DO ULURU ENTÃO? Achei que fosse famoso por ser a única pedra no meio do nada, mas se tem outras qual é o big deal??!!
     Chegamos no campsite na hora do almoço e preparamos sanduíches. Achei muito legal que todo mundo ajudou, ninguém ficou mongando, sabe? Todo mundo tem espírito de equipe :) Depois do almoço (no qual começou a rolar uma interação entre as pessoas =D), a gente entrou no ônibus de novo e foi pra o Kata Tjuta, que é um (mais um) amontoado de pedras, que de longe parece o Homer Simpson. Fizemos uma caminhada por ele e foi bem legal :) As pedras são impressionantemente grandes e a guia foi explicando pra gente pra que que serviam as plantas em volta, o que os aborígenes fazem com elas e tudo mais. E eu estava estranhamente - guias turísticos costumam me entediar - interessada no que ela estava falando e a temperatura estava estranhamente razoável. Eu não estava derretendo nem morrendo de sede, como imaginei que estaria.
     A caminhada foi legal e rolou mais interação entre as pessoas (eu não lembro o nome de ninguém, though. Só de uma das escocesas, porque O NOME DELA É FIONA e ela está com um pé quebrado), mas senti falta de ter alguma companhia mais fixa, alguém com quem conversar, ter piadas internas e com quem tirar fotos/pedir para tirar fotos minhas.
     Saindo do Kata Tjuta, a gente foi para o Uluru assistir o pôr do sol. No caminho, vimos dois camelos in the wild e a guia me conquistou com o grito histérico e inesperado de CAMEEEEEL!!!! que ela deu pra avisar a gente. Anyway, o pôr do sol foi meio decepcionante porque não teve muitas cores. O sol não estava se pondo atrás dele, estava se pondo atrás da gente porque teoricamente era pra gente ver o Uluru mudando de cor, mas teria sido muito mais bonito ver a silhueta dele com o céu mudando de cor atrás. E por mais bonito que esteja o que você está vendo, a câmera nunca pega direito. Especialmente a minha. QUERO UMA CÂMERA FODONA QUE CAPTA O QUE EU TO VENDO. Quanto tempo falta pro natal?
     Saindo do Uluru, a gente foi pro campsite preparar a janta: salada, bife, linguiça de camelo e carne da canguru. CAMELO, essa é nova! Tem gosto de linguiça de frango. Tomei banho (e sequei a franja num daqueles secadores de mão) e estou indo dormir com um casal da Eslováquia numa barraca sem luz, com uns beliches simplificados, dentro de um saco de dormir, com a mesma roupa que eu vou usar amanhã (uma segunda pele, uma blusa de manga comprida, uma blusa de lã e um supercasacão de frio) porque com esse frio desgraçado, eu não vou trocar de roupa amanhã de manhã NEMFU.
     É muito legal estar no deserto. Tudo é tão diferente... Não é areia pra todo lado, é aquela grama seca verde amarelada. E o céu daqui é o mais bonito que eu já vi na minha vida! Sem luz, sem poluição e sem nuvens, dá pra ver a via láctea!! *____*
     Bom, vou dormir porque a Shannon acabou de falar “Guys, tomorrow we'll wake up at 5h15? Have breakfast? And leave at 6h15? To watch the sunset at Uluru at 7h30?” QUARTER PAST FIVE? AGAIN??!! Daqui a pouco vai virar hábito acordar a essa hora!
     Beijos de uma menina que vai voltar pro Brasil daqui exatas 2 semanas
     B